3 de abr. de 2010

Posicionando na história o Ser “designer”

A revolução industrial condicionou o mundo a grandes mudanças, e entre elas a do consumo de produtos. A Revolução Industrial consistiu em um conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e social. Iniciada na Inglaterra em meados do século XVIII, expandiu-se pelo mundo a partir do século XIX. Ao longo do processo (que de acordo com alguns autores se registra até aos nossos dias), a era agrícola foi superada, a máquina foi suplantando o trabalho humano, uma nova relação entre capital e trabalho se impôs, novas relações entre nações se estabeleceram e surgiu o fenômeno da cultura de massa, entre outros eventos. Essa transformação foi possível devido a uma combinação de fatores, como o liberalismo econômico, a acumulação de capital e uma série de invenções, tais como o motor a vapor. O capitalismo tornou-se o sistema econômico vigente.
Antes da Revolução Industrial, a atividade produtiva era artesanal e manual (daí o termo manufatura), no máximo com o emprego de algumas máquinas simples. Dependendo da escala, grupos de artesãos podiam se organizar e dividir algumas etapas do processo, mas muitas vezes um mesmo artesão cuidava de todo o processo, desde a obtenção da matéria-prima até à comercialização do produto final. Esses trabalhos eram realizados em oficinas nas casas dos próprios artesãos e os profissionais da época dominavam muitas (se não todas) etapas do processo produtivo.
Com a Revolução Industrial os trabalhadores perderam o controle do processo produtivo, uma vez que passaram a trabalhar para um patrão (na qualidade de empregados ou operários), perdendo a posse da matéria-prima, do produto final e do lucro. Esses trabalhadores passaram a controlar máquinas que pertenciam aos donos dos meios de produção os quais passaram a receber todos os lucro. Neste momento os artistas das artes menores, saem de suas Guildas e se inserem na indústria. É de responsabilidade deles conceber e produzir os produtos.
Segundo Forty, na história de todas as indústrias, o design torna-se necessário como uma atividade separada da produção assim que um único artífice deixa de ser responsável por todos os estágios da manufatura, da concepção à venda. Neste momento já se fazia necessário segmentar os diversos estágios do produto. É aí que surgem os desenhistas/projetistas e também a necessidade de qualificá-los para essa nova profissão.
Surge então a Bauhaus, uma escola de design, artes plásticas e arquitetura de vanguarda que funcionou entre 1919 e 1933 na Alemanha. A Bauhaus foi uma das maiores e mais importantes expressões do que é chamado Modernismo no design e na arquitetura, sendo uma das primeiras escolas de design do mundo. A escola foi fundada por Walter Gropius em Weimar no ano de 1919, a partir da reunião da Escola do Grão-Duque para Artes Plásticas com a Kunstgewerberschule. A intenção primária era fazer da Bauhaus uma escola combinada de arquitetura, artesanato, e uma academia de artes, e isso acabou sendo a base de muitos conflitos internos e externos que se passaram ali.
Gropius pressentiu que começava um novo período da história com o fim da Primeira Guerra Mundial e decidiu que a partir daí dever-se-ia criar um novo estilo arquitetônico que refletisse essa nova época. O seu estilo tanto na arquitetura quanto na criação de bens de consumo primava pela funcionalidade, custo reduzido e orientação para a produção em massa, sem jamais se limitar apenas a esses objetivos. O próprio Gropius afirma que antes de um exercício puro do racionalismo funcional, a Bauhaus deveria procurar definir os limites deste enfoque, e através da separação daquilo que é meramente arbitrário do que é essencial e típico, permitir ao espírito criativo construir o novo em cima da base tecnológica já adquirida pela humanidade. Por essas razões Gropius queria unir novamente os campos da arte e artesanato, criando produtos altamente funcionais e com atributos artísticos. Ele foi o diretor da escola de 1919 a 1928, sendo sucedido por Hannes Meyer e Ludwig Mies van der Rohe. Em 1933, após uma série de perseguições por parte do governo hitleriano, a Bauhaus é fechada, também por ordem do governo.
Os anos 50 viram o discurso projetual centrar-se na produtividade, na racionalidade e na padronização. A produção industrial, exemplarmente realizada no fordismo, fornece o modelo para diferenciar o design do campo da arte e das artes aplicadas e para fornecer credibilidade à nova disciplina de design nas empresas. Uma grande defensora desse propósito é a escola alemã HfG fundada em 1953, que teve como reitor Max Bill. Mas a figura intelectual central de HfG sem duvida foi Tomás Maldonado.
Ele considerava necessário para o desenvolvimento da HfG, primeiramente se distanciar da fase expressionista da Bauhaus que tinha suas raízes no movimento Arts and Crafts. Essa linha de tradição que era ver o design de produtos como arte necessitava ser superada.
Maldonado foi um dos primeiros a reconhecer claramente que os desenvolvimentos técnicos e econômicos vertiginosos colocavam novas demandas na formação de designers. Ele propôs a introdução de um pensamento científico –operacional, que resultava em uma metodologia objetivo experimental. Para ele o designer precisa ter a capacidade de planejamento, ter conhecimento cientifico nas áreas de economia, psicologia, tecnologia de produção e de informações sobre as teorias de demanda de consumo. Portanto era necessário aumentar as disciplinas teóricas. Este novo conceito estabeleceu o Curso Básico que criou o modelo de ULM, que influencia a formação em design até dos dias de hoje, no mundo todo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário